domingo, 4 de novembro de 2007

A Pousada

Como já devem ter reparado, se leram os meus posts, moro num lugar um pouco estranho. Sim, havia um pássaro lá dentro, a porta não destrancou e a cama caiu a meio da noite, tal como já vos contei. A Dona Alice tenta sempre resolver os problemas. Mas a porta já teve mais vezes o mesmo problema. É um jeito que tem que se dar que eu não sei dar.
As pessoas chegam e vão, e eu vejo-as sempre a chegar e a ir. E eu fico sempre. Incrível é que nem a Dona Alice nem a Neide (que entra mais tarde e fica até mais tarde) sabem uma palavra de inglês ou espanhol. Aqui no Brasil, não há muita gente que fale inglês, embora se safem bem melhor que eu em espanhol (também não é muito difícil safarem-se melhor que eu). Então eu já desempenhei por várias vezes o papel de tradutora oficial. Um russo que chegou de noite e a Neide andava desaparecida. Um moço da Malásia (embora o pai seja do Sri Lanka e a mãe seja chinesa, e embora ele tenha morado quase toda a sua vida na França, algum tempo na Holanda e agora ande há uns meses a dar a volta ao mundo - fala pelo menos 6 línguas: Malaio, Inglês, Francês, Holandês, Chinês e Espanhol - isso é que é vida!!) que chegou no feriado e não havia ninguém na recepção porque era feriado e eu era a única que estava na residência para lhe abrir a porta e também a única que falava inglês durante todo o fim de semana em que ele aqui esteve, um moço polaco... Já pedi que me fizessem um descontinho :D

As personagens da residência:

A Neide:
Trabalha há pouco tempo nesta pousada. Eu fui mesmo a primeira pessoa que ela recebeu. É novinha, simpática e tem poucos estudos. Um pouco tímida e ainda inexperiente nestas lides, e muito boa pessoa. E pede-me sempre para a ajudar com as línguas, quando eu ando por ali (aliás, a seguir vou já para casa, que ela perguntou, se eu estivesse lá, que ia chegar um gringo - um gringo aqui é tudo o que tem inglês como língua materna haha).

A Alice:
Esta senhora é um amor. Fala muito alto, o que me faz acordar todos os dias de manhã quando ela chega à residência e dá aqueles sorrisos que eu acho imensa piada, que parece um miúdo que está a fazer alguma traquinice nas aulas e manda aqueles risos à socapa da professora, típico de quem está a fazer asneiras. A mulher é o máximo. Não sabe inglês, mas entende-se com os turistas. Ela é esperta. Eles dizem "bagage" e ela pergunta "bagagem?", e assim se vão entendendo. No outro dia perguntou-me como se escrevia oitocentos e quarente e três em algarismos. Tinha dúvida se era "800 e 43" ou se era "80043". Lá lhe expliquei que era "843". Coitadinha! E montes de vezes pergunta-me se quero almoçar com ela, mas eu já estou sempre de saída.

A Cláudia:
É a dona. Nunca a conheci pessoalmente. Mas toda a gente a conhece! Troquei e-mails com ela quando foi para reservar o quarto e já falei mesmo ao telefone com ela. Toda a gente diz que é porreira, mas eu não a conheço. A única pessoa que fala inglês.

A mãe da Cláudia:
Mas já conheci a mãe da Cláudia. Veio no dia em que era feriado e não havia ninguém para receber o malasiano. Estava extasiada por eu ser da Europa. "É... Portugal... Mas é um país rico, hein!?". Claro que me ri da constatação da senhora... Expliquei-lhe que estava enganada.


Bem, e como já parou de trovejar, já posso ir para casa :D

Um comentário:

Anônimo disse...

mas isso é uma residencial?