segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Que vergonha!

Mas que otário é que se lembrou de fazer um filmezinho com as opiniões de Nel Monteiro, essa vergonha da própria música pimba, sobre a arquitectura em Portugal e a pobreza e miséria do nosso país, dizendo coisas como "Centro Cultural de Belém, um exagero, Casa da Música, um exagero..." e a mostrar notícias sobre os problemas que advieram de infraestruturas como a Expo 98, os estádios de futebol para o Euro 2004, a Casa da Música e o CCB, problemas reportados tendo como música de fundo "Puta Vida Merda Cagalhões" e os seus "s"s de Viseu, bem assobiadinhos, uma música tão intervencionista quanto estúpida e com a letra mais fanhosinha que deve haver na nossa terra, com uma cambada de asneiras, pelas quais o Nel Monteiro, o próprio, pede desculpa, na própria música, tudo isto no vídeo que apresenta e representa Portugal numa sala muito malcheirosa da Bienal de Arquitectura de São Paulo?Para já, tratando-se de uma Bienal, porquê falar de infraestruturas feitas há 10 anos? Depois, porquê escolher o Nel Monteiro como rosto de Portugal? E ainda, porquê falar da nossa pequenez quando é suposto sobrevalorizar-se o bom da arquitectura portugues?Quando cheguei à representação de Portugal, tudo me pareceu, logo à partida, muito estranho. Imagens das obras de arquitectura eram acompanhadas com um televisor que mostrava a participação portuguesa no Festival da Eurovisão, que faziam ecoar, por exemplo´, "Uma da manhã hey!" das Doce, que ali se afiguravam em coreografias ridículas e tristes figurinos que mereciam ser escondidos de qualquer cidadão. Mas, vá, mesnos mau, apesar de ser uma Bienal e não uma história de Portugal. Representados estavam, entre outros, Siza Vieira (ou Álvaro Siza), o terrível Taveira, e o Távora. Obras como uma universidade do Barreiro e coisas até com algum interesse das quais eu nunca tinha ouvido falar. Por fim, decidi ir à salinha escura. A primeira imagem que vi foi do novo estádio do Benfica, o que me agradou, e até me sentei. Logo a seguir apareceu aquela coisa horrorosa que é a sede do Sporting e apercebi-me imediatamente que as coisas não iam correr bem. As pessoas entravam e saíam. Ninguém aguentava um cheiro esquisitivo que ali estava e, muito menos, ouvir aquela música fura-tímpanos do Nel Monteiro, muito menos as suas opiniões. Em vez de mostrarem a complexidade das obras, aparecia apenas uma fotografia na qual os olhos sentidos dessa personagem da música portuguesa eram projectados. Tive vergonha de ser portuguesa. Cheguei mesmo, tal como qualquer um dos que tentou assistir ao filme, a abandonar a sala. Mas a curiosidade matava-me, por isso tive que regressar e assistir a tudo até ao fim, inclusivé ouvir os comentários de escárnio daqueles que por ali passavam.Depois ainda chegou o pior, que foi ver as representações bem interessantes de outros países e ali me sentir pequeniiiina, pequeniina, e muito constrangida. A Itália aliava moda a arquitectura, a França tinha uns pc's minis que podiamos usar... E nós tinhamos o Nel Monteiro e as, na sua maioria, vergonhosas aparições no Festival da Canção??Só a minha cidade me fez feliz. Qual é o meu espanto quando, na parte em que um arquitecto espanhol estava representado e apareciam umas 6 obras dele, estava o Fórum de Viseu, ali apelidado de Centro Cívico de Viseu? Não que o Fórum esteja assim tão bem conseguido, mas ali até parecia uma coisa muito à frente...De qualquer forma, vou averiguar o porquê daquele vídeo do Nel Monteiro. Caso para dizer "Puta Vida Merda Cagalhões".

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu nem sei quem é o Nel Monteiro....nem percebo o que é que uma música chamada "Puta Vida Merda Cagalhões" pode ter a ver com arquitectura....