quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Primeiro contacto com a classe alta... e culta... e intelectual

Intelectuais, pseudo-intelectuais, classe alta do Brasil. No Teatro de São Pedro reunia-se uma multidão que assistia ao uma ópera interpretada por jovens melhores alunos de várias universidades. Natali reuniu aquilo a que chama "a turma da ópera" ao intervalo. Apresentou-me os professores dos alunos, os directores das escolas e dos teatros, veteranos da Folha de São Paulo. E a conversa estava "animada" com piadas intelectuais e observações sobre a prestação dos artistas.
A ópera era cómica, regada de bom humor, mas, pelo que ouvi, eles não eram muito bons. Se bem que não imagino nenhuma escola portuguesa que consiga obter tão elevado nível de actuação, quer ao nível do canto, como dos instrumentos, como da cenografia, como da representação, como das vestimentas. Tudo feito por alunos. Uma grande equipa. E intelectuais ricos a assistir.
As conversas com Natali não tinham as características de uma conversa normal. Eu ficava boqueaberta a ouvi-lo falar. Ele fala das coisas com todos os pormenores - datas, percentagens, estudos, tudo o que rodeia o assunto - , encavalitando então os temas de conversa uns nos outros. Tenho a certeza que ele descobre erros nas enciclopédias.
Todos extremamente bem vestidos, com classe e com roupas de marcas caras. Eu, coitadinha, ida directa do trabalho, na zona em que nem uma bandolete se deve usar, quanto mais um fio, uma pulseira, um brinco ou um relógio, ou, ainda pior, roupas de marca e de categoria. Bom, há quem use essas coisas para vir trabalhar, mas eles têm carro e estacionamento aqui à porta. Eu sou pobre, apanho a carreira para casa.
Os jornalistas daqui têm melhores condições que os portugueses. Aliás, este joranl começou a ter dívidas uma altura por causa da qualidade de vida dos seus trabalhadores. O jornal dava carros, dava um cartão de crédito a todos os jornalistas, que tinham também direito a um jantar ou almoço num restaurante de luxo com toda a família uma vez por semana. O que acontecia é que muitos jornalistas, se não tivessem dinheiro para a mais fútil coisa que fosse, usavam o cartão de crédito da Folha. Assim vale a pena, não é? Agora consta que lhes foram retiradas algumas dessas vantagens. Já não vão ao restaurante de luxo à pala do jornal, e só os mais velhos e quem tem cargos mais altos tem direito a carros novos. No entanto, há muita facilidade para viajar, de qualquer forma. Qualquer um dos jornalistas da Folha, se se lembrar agora de fazer um curso no outro ponto do mundo, pode fazê-lo. Basta, para isso, que façam um requerimento e expliquem de que forma esse curso pode ajudar na profissão. E a Folha paga a viagem e o curso (não sei se também a alimentação). Claro que assim os jornalistas estão motivados... claro que assim se consegue construir um grande jornal.
Algum voluntário para criar um jornal português assim?? E para me dar empreguito quando eu chegar, não? Um qualquer emprego...

2 comentários:

Anônimo disse...

tens q descobrir onde é q eles arranjam o dinheiro. o jornal é assim um sucesso tão grande?

Anônimo disse...

olá, o meu nome é Irina e também estive uns meses na Folha de são Paulo. Realmente é um mundo jornalistico completamente à parte daquilo que vemos no nosso pequeno burgo.