sábado, 20 de outubro de 2007

Primeiras impressões

Nutro um carinho especial pela Rua dos Holandeses. Mas, aqui na minha zona, todas as ruas são dedicadas a outros povos. Eu moro na Rua dos Franceses, numa pousada / residência / albergue da juventude / hostel. O jardim é acolhedor e as pessoas muito simpáticas. Há por aqui muitos brasileiros, mas também muitos estrangeiros. Conheci um rapaz que era brasileiro, morou muitos anos nos Estados Unidos e naturalizou-se português na semana passada. Enquanto me contava isto e mostrava, orgulhoso, o passaporte português, o Flávio, um dos recepcionistas, contou-me que os antepassados dele são portugueses. Qual é o meu espanto quando descubro que é descendente do Salazar. Encavacada, tentando esconder o ódio que tenho a essa personagem da história portuguesa, lá lhe contei do programa que o elegeu como o português de sempre.
Já conheço as principais áreas da cidade. Quanto aos museus, ainda só visitei o MASP - Museu de Arte de São Paulo - , onde tem obras dos vários pontos do mundo, da pintura à escultura, e uma exposição especial sobre a Bauhaus. Passei horas naquele museu.
É incrível como uma cidade pode ter tanta oferta cultural. Isso deixa-me extasiada. Há o TIM Festival, um festival que traz a São Paulo vários concertos, como Björk, Artic Monkeys, entre outros. Não posso perder! Simultaneamente, há o festival internacional de cinema. Ainda não sei bem como funciona. E muitas outras coisas, a qualquer esquina da rua, cafés, teatros, etc.
Em breve, a bienal de arquitectura, dedicada a um dos arquitectos que mais admiro, Oscar Niemeyer. Este arquitecto é, aliás, o responsável pelo edifício mais incrível que eu vi até agora aqui em São Paulo: o edifício Cópan, onde moram cerca de 5000 pessoas e onde existe também um shopping. É, segundo o moço do posto de turismo, o edifício que abriga mais pessoas em todo o mundo.
A rapariga que me falou dos escândalos policiais, do Rio, tem sempre imensas coisas para dizer. Bastante melga. Mas agora também me dou bem com uma colombiana, a Viviana, e fomos hoje passear por aí. Caminhamos como se o amanhã não existisse. Entretanto, já tenho estadia se for a Bogotá. E no Rio de Janeiro também. Que pessoas simpáticas que eu conheço.
Quanto à simpatia brasileira, confesso que estou um pouco desiludida. Parecem pessoas muito alegres e simpáticas. Mas, no fundo, não deixando de mostrar alegria e agitação, acho que são muito depressivos e levam a mal qualquer coisa. Talvez isso aconteça só em São Paulo.
E por falar em brasileiros... a história dos meus tios não acabou. Ontem, ligaram-me para me vir buscar e eu passar o fim de semana em casa deles. Ofereceram-me fruta e dinheiro, 'ninguém precisa de saber!', comentavam. Faltou pouco para ser mal educada com eles... Consegui livrar-me dessa. Mas, não tinham passado dois minutos, a tia fortona ligou outra vez... Desta feita, para pedir desculpa por ter oferecido dinheiro. Hoje, quando cheguei à residencia, a tia Lurdes já tinha ligado. Eu começo a achar que, afinal de contas, sou famosa aqui no Brasil. Ninguém recebe tantas chamadas como eu!! A gerente também já me conhece. Por causa dos meus tios, obviamente. Mas até ela é muito simpática e todos compreendem o meu drama.
Segunda-feira já estou a trabalhar, e, aí, começo a ter coisas mais importantes com que me preocupar. Está quase! E estou ansiosa!

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