sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A saga continua

Acordei cedo, depois de poucas horas de sono. Não perdi tempo para ir passear... conhecer as redondezas. Tinha ficado de ligar à tia Conceição, mas precisava de tempo para mim, por isso pensei ligar-lhe ao fim do dia. Troquei dinheiro, fui ao posto turístico, visitei tudo o que há para visitar na Avenida Paulista e, eram 18horas locais quando cheguei à residência. Ia ligar à minha mãe do telefone da residência, quando deparo com o tio Anastácio e a tia Conceição a sairem da recepção.
Claro, não podia deixar de ser! A tia pediu-me para ir com ela lá fora, porque queria falar comigo. Eu lá pedi desculpa tinha-me ¨esquecido¨ de ligar-lhe. Ela estava muito preocupada, porque não sabia se estava tudo bem e já tinha tentado telefonar, mas eu não estava. ¨Sabe, eu quando vi aqueles homens na recepção e aquele negrão nos atendendo... é que há negrão bonito, mas aquele...¨, contava a tia. ¨O tio Anastácio até trouxe uma faca¨.
Ai, não. Eu nem queria saber. Limitava-me a dizer que estava tudo bem e que não queria que eles se preocupassem. ¨Não, mas agora estou mais descansada. Andei perguntando nas redondeza e me disseram que era bom aqui, que até vem estrangeiro...¨. Posto isto, passaram à parte do próximo encontro. No dia seguinte o tio ia passar lá para me levar fruta. E depois passava o fim de semana em casa deles. Ah! E se precisasse de sabonete, estava à vontade. Não sei porque tiraram esta ideia do sabão, mas cá para mim eles acham que os portugueses são uns sabujos e que, portanto, sendo eu sabuja, não tinha trazido nada para me lavar. (até porque eu disse que tinha comprado uma toalha, porque me tinha esquecido de trazer). Desmarquei-me.
Bom, foi complicado, mas lá consegui despachar os senhores. Queria ligar à minha mãe. Essa sim, tinha razões para estar preocupada (se bem que não estava muito, acho eu).
Depois de telefonar-lhe fui à cozinha e toda a gente ficou a olhar para mim com ar estranho. Não estava a perceber. 'Olha ela aí, ó...', dizia a senhora a cozinha, que acho que é cozinheira. Por amor de Deus, o que é que era agora? Os meus tios tinham estado lá e perguntaram a toda a gente se me tinham visto. Por várias vezes, perguntaram à minha companheira de quarto se eu já tinha chegado. Cheguei à conclusão que eles já estavam à minha espera há cerca de 2 horas. E pior... Também lá tinham estado de manhã. Para além de terem telefonado várias vezes. Ninguém sabia dizer se eu estava bem, porque ninguém ainda sabia o meu nome. Agora já sabem... pelos piores motivos, mas... agora já sabem. Não tardava a ter um mandato de captura... sei lá!!
Depois desta conversa, passei pelo recepcionista que tinha um recado para mim. A tia Lurdes tinha telefonado. Sim, a tia Lurdes também... e deixou todos os contactos para eu entrar em contacto com ela. Mas eu não telefonei. Tinha a certeza de que a tia Conceição ia ligar-lhe a dizer que eu estava bem.
Um pouco mais tarde, a tia Conceição ligou-me a perguntar se estava tudo bem e a pedir desculpa por ter ido lá ter. Não sei porquê, tia!! 'Imágina!...'
Felizmente, a minha estadia no Brasil não trata só de tio Anastácio e companhia. Trata de aprendizagem. Tive longas conversas com uma das colegas de quarto, que está aqui para uma pós graduação em osteopatia, se bem me lembro. Falou-me da incompetência dos médicos brasileiros, e eu da dos portugueses. Entre outras conversas, contou-me uma coisa que me chocou muito. Contou-me que a polícia era muito corrupta. Contou-me que foi assaltada por dois polícias que mais tarde foram presos, juntamente com mais sete polícias que pertenciam à mesma rede de assaltantes. Contou-me que uma esquadra fechou poque todos os polícias dessa esquadra foram presos. E eu que me sentia segura na Avenida Paulista porque via polícia a cada esquina...
No fundo, quanto vale tio Anastácio e companhia para me proteger!!...

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa sorte amiga...espero que corra tudo bem. Já sabes...se precisares de alguma coisa diz-me.

Um beijinho!

Vitorino